Pensamentos
Anhãnhãnhã… nhãnhã…
Adoro contar esta história:
Quando era criança eu tinha muita preguiça de falar… Comecei a falar aos três anos. Antes eram apenas balbucios.
– Anhãnhãnhã… nhãnhã…
– O que é?
– Anhãnhãnhã…
– Quer água?
– Nhã!
Palavras, palavras, palavras… —Hamlet
Meus diálogos com meus pais e irmãos se desenvolviam mais ou menos neste esquema. Era pura preguiça de movimentar a língua e articular as palavras.
Hoje em dia, e desde aquela época, não tenho mais nenhum problema em falar. Mas, confesso que no meu dia a dia tenho uma enorme preferência por escutar os outros. Nos tempos atuais, em que todo mundo quer falar e falar e falar, alguém também precisa ouvir. E me identifico – sem nenhum pesar – com esta “qualidade auditiva”.
A minha predileção pela escuta – e o meu conseqüente silêncio – talvez sejam alguns dos muitos motivos de eu ser artista.

No palco, na rua, na biblioteca ou na escola, atuando ou contando histórias, é que encontro o espaço para falar inúmeras coisas que tenho necessidade de expressar. Mas, às vezes (e só às vezes mesmo…), atuar ou contar histórias não são suficientes para expressar o turbilhão de pensamentos e questionamentos e alegrias e angústias que habitam este ser de um metro e oitenta e seis.
E então… Eu escrevo! Desde a adolescência escrevia. Naquela época os amores, as paixões, as transformações, eram as minhas “teses”. Hoje, escrevo histórias através de roteiros. Ou textos em folhas no meio do caderno entre anotações de pesquisas e planos de aulas. Ou apenas “palavras, palavras, palavras” – como estas neste post de abertura.
Quando contar histórias, atuar ou ouvir os outros, não me bastarem, recorrerei a este espaço virtual. Porém, não garanto grandes reviravoltas na narrativa; Nem explosões e perseguições; E muito menos melodramas. Quem sabe, algumas divagações existenciais ou invenções de realidades.
Bom, de qualquer maneira, me esforçarei.
